domingo, 28 de fevereiro de 2010

Identidades

Das várias identidades que, nós homens pós-modernos, assumimos e construímos historicamente, a que mais me orgulho em sustentar é aquela onde posso ser eu mesma, com uma máscara "fina" e discreta pois imagino que a total ausência de máscaras é quase impossível.

Abordo esse assunto (aqui no blog) após iniciar a leitura de um livro intitulado "Meninas-adolescentes:rituais, corpo e resistência" da Prof. Vanessa Guilherme Souza (do curso de Educação Física do ISEAT - FHA) e real identificação com o tema. As várias identidades a qual me refiro, são os papéis e máscaras que assumimos ao decorrer da vida no contexto social. Admitindo que não somos compostos de uma identidade fixa (apresentamos comportamentos diferenciados em vários âmbitos de sua vida).

Digo, e assumo com propriedade, que sou vários "EUS", dentro de um corpo em movimento numa sociedade também em movimento. Adapto às situações, aos locais, às pessoas, aos assuntos, aos relacionamentos sociais e épocas. Não caracterizando um distanciamento longo, problemático e contraditório entre estas identidades (a essência é sempre a mesma

Após análise do meu comportamento, da criação de identidades (às vezes não-resolvidas e tensas), que transporto meu olhar para as outras pessoas que fazem parte do meu círculo de amizades.
Pergunto-me: - será que sabemos escolher e conviver com as máscaras que criamos, para sermos aceitos nos grupos sociais? Esta, não é uma crítica negativa ou destrutiva dos comportamentos dos outros, e sim uma crítica positiva, um reflexo do que vejo estampado nos outros e espelhado em mim.

Penso que uma postura aceitável, tolerável e mais confortável (individualmente falando) é aquela em que se vê superada as expectativas que o sujeito tem em relação a: conseguir o que se deseja (sem esforço em demasia); ser o que é (sem dor e com poucas adaptações) e relacionar-se bem (e aqui enquadra aceitação em algum grupo).

Esta análise induz meu pensamento a dialogar com as preferências do ser humano. Para ser mais clara, provoco o questionamento: - Será que preferimos ser o que os outros querem que sejamos, nos anulando nas esferas da vida (socialmente - aqui cabe dar maior ênfase aos relacionamentos afetivos, religiosamente, politicamente, dentre outros)? E será que temos a consciência desta atitude de anulação e da omissão no processo de mudança desta perspectiva de vida?

Sei que somos frutos das construções que estabelecemos com os relacionamentos (desde o nosso nascimento) e que uma relação com a sociedade implica concessões e negociações para que as regras de convívio social tenham uma fluência tranquila. Mas o que fazer quando as identidades escolhidas/construídas pelos outros tencionam com as nossas, provocando descontentamentos? O que fazer quando se quer relacionar com uma pessoa, que ainda não se deu conta das identidades que criou para viver em sociedade e ser aceito por este grupo anulando-se em alguns aspectos?

Dizem que o tempo tem respostas para tudo (cabe aqui dizer que relaciono o tempo com o amadurecimento e a compreensão do seu eu). Mas, como saber se o meu tempo coincide com o de alguém? Imagino que o diálogo, seria a chave que abre esta porta. Não somente o diálogo feito com os gestos e atitudes, mas também o diálogo feito por palavras.

Núbia Santos - 28/02/2010 (Em construção!)

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